Editoriais & Artigos

Newsletter nº5

Sofia Duff Burnay
Directora de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade na Cunha Vaz & Associados

“AH… MAS SÃO VERDES???”

A relevância da sustentabilidade para o Portugal Exportador

O mundo acordou há algum tempo para a necessidade de responder globalmente aos desafios das alterações climáticas e hoje a preocupação “verde” impõe-se, e sobrepõe-se a muitas outras. “Ah… mas são verdes???”; a exclamação popularizada pela Fábula de La Fontaine “A Raposa e as Uvas”, assume agora o tipo interrogativo e é a questão do momento. Em grande parte catapultada pelo Acordo de Paris, esta preocupação “verde” está hoje presente em todas as áreas da nossa sociedade – sejam elas, políticas, empresariais, financeiras, ou ao nível da sociedade civil.

Com efeito, os consumidores procuram, cada vez mais, produtos responsáveis e amigos do ambiente; as empresas inovam para oferecer produtos e serviços ecológicos e serem também elas mais responsáveis a nível ambiental, e também no mercado de trabalho, há cada vez mais profissionais que desejam um emprego com um impacto positivo no planeta.

Mas, à medida que o mundo avança, o “verde” tem ganho mais e mais pantones, deixando de estar exclusivamente associado à dimensão ambiental e expandindo-se a outros campos como o da responsabilidade social e o da governança corporativa, estando assim montado o tripé da sustentabilidade empresarial – ESG.

Para as empresas “ser verde” deixou de ser uma opção para ser uma obrigação, e isso implica muito mais do que fazer a reciclagem, ter uma frota de carros elétrica ou reduzir a emissão de CO2 na atmosfera.  É preciso que as mesmas desenvolvam a sua atividade no presente, salvaguardando o futuro; atuem em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU; contribuam para uma sociedade mais justa e equitativa, com respeito pelos direitos humanos e leis do trabalho; procurem ter um impacto positivo na comunidade; tenham ética e transparência… atuando de acordo com padrões não só ambientais, mas também sociais e de governança corporativa, elevando o seu nível de compromisso com a sustentabilidade.

Num mundo complexo e numa economia globalizada, cada vez mais incerta, “ser verde” – em todas as suas vertentes – tornar-se-á, cada vez mais, numa vantagem competitiva. E a tendência torna-se cada vez mais evidente: o mercado recompensa as empresas que privilegiam a sustentabilidade.  O elemento diferenciador, em prol de uma causa aspirada por muitos, é o ponto de viragem do paradigma da competitividade, pelo menos, tal como a conhecemos. É preciso que as empresas ganhem cada vez mais a consciência de que, para ser “verdes” não precisam de perder rentabilidade, muito pelo contrário, podem ganhar a longo prazo.

Mas, de forma a vingar, as empresas precisam de se munir de “tecnologias” capazes de as ajudar a ser mais sustentáveis. Mais do que relatórios onde se aprecia a aplicabilidade dos princípios, são necessárias infraestruturas e ferramentas. É preciso criar estruturas dentro das próprias empresas, onde se possa sensibilizar, adaptar, incluir, corrigir e monitorizar ações. Porque, se por um lado, os stakeholders procuram soluções que vão ao encontro dos seus valores ambientais e sociais, por outro, as empresas devem perceber como podem capitalizar este momento, adaptar-se e torná-lo numa oportunidade.

Para o tecido empresarial português, o maior entrave que se pode impor é a questão temporal. Esta é uma postura que assume um retorno a longo-prazo, trazendo alguma fragilidade aos investimentos feitos nesse sentido, uma vez que o retorno, tal como quando plantamos uma árvore, é proveitoso, mas demorado.  Em vez de uma mentalidade de “máximo lucro no curto prazo”, deve priorizar-se o crescimento de longo prazo por meio de métodos sustentáveis.

O tecido empresarial é o motor das economias, por isso, e apesar do caminho para uma transição “verde” envolver mudanças sistémicas em toda a economia e em diferentes esferas da mesma, o papel das empresas e os passos que dão no sentido de serem cada vez mais sustentáveis são, talvez, o mais importante impulsionador desta mudança.

Para o Portugal Exportador, a capacitação em ESG é, e será cada vez mais um must have, para que as nossas empresas continuem a ser competitivas nos mercados externos, demonstrando que sim, são verdes, nas diversas variantes.

Luís Veiga Martins
Chefe Gabinete Sustentabilidade Nova SBE, Diretor executivo UNITAR (CIFAL Cascais)

A oportunidade da Sustentabilidade como fator de diferenciação.

As exportações de bens e serviços das empresas portuguesas têm tido um papel determinante no crescimento do PIB nacional, tendo no 1º Trimestre deste ano aumentado cerca de 6,3% quando comparadas com o período homólogo de 2022. Em muito contribuíram os serviços, em especial o turismo, não deixando as exportações de bens de ter um contributo importante. Esta tendência de crescimento das nossas exportações tem vindo a consolidar-se ano após ano, mesmo com o impacto da pandemia, o que permitirá à economia portuguesa crescer este ano, e no próximo, acima dos 2%, tal como previsto pelo Banco de Portugal.

As empresas nacionais começam a ser confrontadas pelos seus clientes do mercado externo com o desafio da sustentabilidade como fator determinante e diferenciador da forma como os bens e serviços são colocados no mercado. Naturalmente que a qualidade do produto e dos serviços, a proximidade, o preço, a capacidade de inovar ao nível das diferentes soluções continuarão, entre outros, a ser fatores chave para que tenham uma oferta diferenciadora nos diferentes mercados já por si exigentes. Porém, a tudo isto acresce a necessidade de um foco crescente de inclusão, e complementaridade, de critérios de sustentabilidade a nível ambiental e social. Mas o que tem levado a esta inevitável transição para a sustentabilidade e aos desafios associados ao desenvolvimento sustentável?

O ano de 2015 foi marcado por dois importantes acordos e compromissos: em Setembro, a aprovação nas Nações Unidas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e, no final do ano, a assinatura do Tratado de Paris onde 195 países e a União Europeia assumiram o compromisso de limitar o aquecimento global a 2°, de preferência a 1,5° Celsius, em comparação com os níveis pré-industriais. Definidos os objetivos, bem como o respetivo plano de ação, uma nova fase da jornada da sustentabilidade se inicia em que, não apenas as Nações Unidas e os Governos, mas também a Administração Pública, as Empresas, as Organizações da Sociedade Civil e toda a sociedade, são chamados a participar. Esta agenda global tem vindo a levar a que as empresas sejam cada vez mais pressionadas não apenas pela regulação, mas também, entre outros, por parte do cliente final que cada vez mais toma decisões informadas, exercendo uma pressão importante para que atuem de uma forma diferente.

A Europa decidiu assumir a liderança desta agenda através da aprovação, no final de 2019, do Pacto Ecológico Europeu ou European Green Deal. Tendo em conta a ameaça que as alterações climáticas e a degradação do ambiente representam para a Europa e para o resto do mundo, o Pacto Ecológico Europeu pretende transformar a UE numa economia moderna, eficiente na utilização dos recursos, e competitiva, garantindo que: as emissões líquidas de gases com efeito de estufa sejam nulas em 2050, o crescimento económico esteja dissociado da utilização de recursos naturais e ninguém, nem nenhuma região/país, seja deixado para trás. Alinhado com estes objetivos, foi adotado um conjunto de propostas legislativas, e enquadradas as já existentes, com o objetivo de tornar as políticas da UE em matéria de clima, energia, transportes e fiscalidade aptas para alcançar uma redução das emissões líquidas de gases com efeito de estufa para, pelo menos, 55 % até 2030, em comparação com os níveis de 1990. Acresceu que o Green Deal passou a ser parte integrante da estratégia da Comissão para implementar a Agenda 2030 das Nações Unidas bem como os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Perante esta necessidade urgente de mudança para o cumprimento das metas por todos assumida, um número crescente de empresas que colocam os seus bens e serviços em mercados fora de Portugal, começam a ser questionadas relativamente à forma como operam e exercem as suas atividades. Critérios adicionais de compra passam a estar presentes e serviços tais como a origem das suas matérias-primas, a política social da empresa, os seus órgãos de governo, a sua pegada de carbono, para além de outros. Será isto uma ameaça ao seu negócio atual? Não, de forma alguma!

A sustentabilidade deve ser vista como uma oportunidade clara de diferenciação, por exemplo ao nível da inovação. A inovação sustentável é um processo em que as considerações de sustentabilidade (ambientais, sociais e financeiras) são integradas nos sistemas empresariais, desde a geração de ideias até à investigação e desenvolvimento (I&D) e à comercialização. Isto aplica-se a produtos, serviços e tecnologias, bem como a novos modelos empresariais e organizacionais. Para além disso há que ter presente que a reformulação de produtos para satisfazer normas ambientais ou necessidades sociais pode oferecer novas oportunidades de negócio. Um estudo publicado na Harvard Business Review em 2009, mostra que “a sustentabilidade é um filão de inovações organizacionais e tecnológicas que produzem retornos tanto a nível de resultados como de receitas. Tornar-se amigo do ambiente reduz os custos porque as empresas acabam por diminuir os fatores de produção que utilizam. Além disso, o processo gera receitas adicionais com produtos melhores ou permite que as empresas criem novos negócios.”

As empresas com um racional de sustentabilidade ambiental ou social mais baixo enfrentam maiores riscos para as partes interessadas e para a sua reputação. Um número cada vez maior de clientes tornou-se mais sensível às questões ecológicas e punem a má conduta ambiental evitando produtos de empresas que não respeitam o ambiente, o que pode levar a uma redução acentuada das vendas e prejudicar os resultados. Para além disso, a sustentabilidade reforça a imagem positiva da marca de uma empresa, atrai clientes com preocupações de sustentabilidade e retém os clientes. As empresas podem também beneficiar de premium de preços com base num desempenho positivo em matéria de sustentabilidade empresarial.

Para esta necessária mudança de paradigma nas empresas, há que ter presente e assumir que sustentabilidade não é um custo, mas uma oportunidade de diferenciação, de atração de talento, e de crescimento nos mercados exportadores. No curto prazo pode ser um processo doloroso, cheio de tensões, hesitações, diferentes caminhos, mas que claramente terá retorno no futuro devendo as empresas estar atentas para saberem ler os sinais cada vez mais evidentes alinhando as suas estratégias de negócio com a transição necessária. Estudos da Nielsen mostram que 66% dos consumidores gastariam mais por um produto se este viesse de uma marca sustentável e 81% dos consumidores globais têm uma forte convicção de que as empresas devem ajudar a melhorar o ambiente.

Patrícia Franganito
Diretora do Bureau Veritas Certification & Training Portugal
Sustainability Manager Espanha & Portugal

A palavra sustentabilidade já faz parte do vocabulário das novas gerações e das organizações. Um pouco por todo o mundo registam-se várias iniciativas e a sociedade fica mais atenda a todos os desafios que chegaram, chegam e chegarão nos próximos tempos.

A origem do conceito de sustentabilidade remonta a 1972, na conferência de Estocolmo, a primeira realizada com o foco no meio ambiente e promovida pela ONU. Decorridos 50 anos muito foi alterado e tanto está em curso para novas formas de atuar, racionalizar e potenciar recursos.

As empresas estão a fazer o seu percurso em temas como, a eficiência energética, roadmap de sustentabilidade, estudos de eficiência técnico-económica na escolha dos melhores materiais a serem usados, soluções de mobilidade elétrica, energias renováveis, net zero, apoio na cadeia de fornecimento, até modelos de governance, entre outros desafios.

Se os consumidores estão cada vez mais sensíveis a estes temas, significa que tomam decisões mais conscientes e informados. O desenvolvimento sustentável é agregador de crescimento económico, ambiental e social e os objetivos de desenvolvimento sustentáveis vêm colocar governos, empresas e sociedade a trabalhar nas mesmas metas.

As empresas exportadoras, tal como todas as restantes, têm a responsabilidade de minimizar o seu impacto negativo sobre o ambiente e pessoas. Assim, a adoção de práticas éticas, que reduzam a poluição e protegem os recursos naturais e a garantia de trabalho justo fortalecem a sua reputação.

Todas estas temáticas devem ser abordadas e comunicadas com transparência e é nesse sentido que o Bureau Veritas pode ajudar.

O Bureau Veritas, e concretamente o Bureau Veritas Certification pretende ser o parceiro na temática da sustentabilidade, e dispõe de soluções inovadoras para empresas tão mais eficazes e eficientes quanto disruptivas e competitivas. Deixo como exemplo, a certificação da responsabilidade social alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável, que permite às empresas consolidar os seus compromissos com a agenda 2030. A certificação de organizações saudáveis, um referencial para guiar as empresas nas vertentes da saúde, segurança e bem-estar dos colaboradores, entre outras.

Não posso deixar de referir uma ferramenta desenvolvida pelo Bureau Veritas para auxiliar as empresas e seus stakeholders na jornada da sustentabilidade, chamada Clarity. Um programa que estabelece os KPI, estratégia ESG e o roadmap para a sua organização.

Baseado em 6 tópicos, adaptáveis ao sector de atividade, pode ser estendido às subsidiárias da marca, seus fornecedores, e ativos (buildings and infrastructures) permitindo uma avaliação sobre toda a cadeia de fornecimento. Após a definição do âmbito, este programa inicia com o diagnóstico (bringing accuracy), a segunda fase consiste na agregação de dados e constatações de todo o trabalho de campo realizado, para que seja mais fácil e percetível os pontos de melhoria (bringing efficiency), na terceira fase todo o output é colocado numa plataforma de fácil acesso para que seja digitalmente acedida em qualquer geografia (bringing simplicity). A última etapa é dedicada à análise de dashboards, estabelecimento de prioridades e estruturação de um plano de ações consistente para que a organização atinga os objetivos traçados (bringing prioritization).

Deixo algumas das temáticas avaliadas e que podem ser conjugadas e selecionadas pelo nosso cliente, em formato de módulos: social, saúde e segurança, ambiente e biodiversidade, alterações climáticas, ética e compras responsáveis. Cada organização pode e deve selecionar as áreas onde tem necessidade de trabalhar mais, onde considera que o mercado lhe está a exigir mais esforços, ou pode selecionar todos os módulos e ter uma estratégia transversal. Claro que, a isenção e a credibilidade do BV possibilitam que este produto seja uma ferramenta clara e transparente que as organizações têm ao seu dispor para comunicarem as suas estratégias de ESG.

Cada vez mais os mercados e regiões vão estabelecer requisitos de acesso em matéria de sustentabilidade. Alguns países como Alemanha e França já têm políticas de sustentabilidade definidas quanto à importação de produtos e a empresas externas que operam no seu espaço.

Ao adotar práticas sustentáveis as empresas exportadoras podem aceder a estes mercados, evitando barreiras comerciais e restrições regulamentares. Neste sentido a aposta em matéria de sustentabilidade pode ser encarada como uma vantagem competitiva e comercial. Num prisma mais interno, não podemos esquecer que a utilização eficiente de recursos nas operações, desde consumos de água, energia, matérias-primas, gestão de resíduos e outros consumíveis levam a redução de custos, e aumento da rentabilidade.

Sabemos que a meta de atingir net zero é uma jornada que grande parte das empresas já começou, e cujo equilíbrio entre emissão de CO2 e a sua redução/mitigação e compensação pode resultar em projetos inovadores e de valor acrescentado para as empresas.

Por último, gostaria de dizer que as empresas exportadoras terão de adaptar-se à diretiva europeia, Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) que solicita informações ESG às empresas.

A sustentabilidade é rentável e assegura apostas no consumo responsável de recursos naturais, melhorias na educação e nas condições laborais, passando pela diminuição da pobreza e discriminação. Incentiva o cumprimento de leis e sistemas anticorrupção.

As atitudes sustentáveis serão exigidas nas lideranças vindouras. Só assim poderemos continuar a prosperar social, financeira e ambientalmente sem que haja uma fatura pesada a pagar mais tarde.

Cristina Amorim
Administradora e CFO no Grupo Amorim

A Influência da Sustentabilidade na Competitividade, Acesso a Mercados e Gestão de Riscos das Empresas Exportadoras

A Corticeira Amorim está consciente da fragilidade do nosso planeta nos domínios ambiental, social e económico, pelo que a sustentabilidade está profundamente enraizada na sua cultura, preocupando-se – e atuando — tanto com a maximização dos impactos positivos como com a minimização dos impactos negativos da sua atividade e ao longo da sua cadeia de valor.

Sabemos também que as empresas que adotam práticas sustentáveis se encontram numa melhor posição para sobreviver e navegar na complexa dinâmica do mercado internacional, à medida que o mundo está cada vez mais interligado e sensível aos temas ESG (Environmental, Social, Governance). A sustentabilidade assume assim um papel crucial para as empresas exportadoras, destacando-se três aspetos fundamentais:

Por um lado, a importância da inovação na melhoria da capacidade dos exportadores competirem ao nível global, uma vez que os governos e os consumidores exigem cada vez mais soluções ecoconscientes. Alinhada com esta necessidade, a inovação está no centro da estratégia da Corticeira Amorim, sendo uma prioridade de todas as Unidades de Negócio (UN), visando continuamente a diversificação de portfolio, o desenvolvimento dos produtos e soluções, a eficiência e a qualidade de processos e a economia circular. Atualmente, o investimento médio em I&D+i ronda os 11 milhões de euros por ano. Cada UN possui um núcleo próprio de I&D+i, existindo também estrutura de inovação transversal, composta nomeadamente pela Amorim Cork Research e Amorim Cork Ventures, sendo esta última uma incubadora de empresas lançada em 2014, através da qual atualmente é apoiado o desenvolvimento de duas iniciativas inovadoras: a Ecochic e da TDCork, a primeira com uma proposta de valor centrada no uso de materiais mais amigos do ambiente no setor do calçado, em que a sola com cortiça assume um papel diferenciador, enquanto a segunda é pioneira na produção de tapetes com cortiça. A atividade neste domínio fica completa com a Corkeen, a Amorim Sports e a Korko – Made by Nature, da UN Aglomerados Compósitos com sócios especialistas do segmento de superfícies para espaços de jogo, lazer e recreio, superfícies desportivas e brinquedos, respetivamente.

Por outro lado, é importante realçar a relação existente entre a adoção de práticas sustentáveis e a redução do consumo de recursos – desenvolvendo e implementando operações eficientes em termos de energia e de materiais, os produtos tornam-se mais competitivos nos mercados globais. Uma gestão eficiente dos recursos não só reduz os custos, como também minimiza os resíduos e o impacto ambiental, o que gera um impacto positivo. Por exemplo, a diversificação das fontes de energia e a adoção de princípios de economia circular reduzem a vulnerabilidade à escassez e às flutuações de preços deste recurso. Neste sentido, 77% da energia consumida pela Corticeira Amorim em 2022 teve origem em fontes renováveis, tendo a maioria resultado da queima de biomassa originária, principalmente, do pó de cortiça gerado endogenamente na produção, estando-se também a implementar um projeto fotovoltaico que representará 20% da energia elétrica consumida pelo Grupo. Além disso, há uma utilização de 100% de cortiça durante o processo produtivo, uma vez que a cortiça é um material 100% natural, renovável, biodegradável, reutilizável e reciclável várias vezes na economia. A Corticeira Amorim apoia, ainda, diferentes iniciativas de recolha e reciclagem de rolhas de cortiça com uma forte adesão nos cinco continentes.

Por fim, consideramos que a estratégia de sustentabilidade contribui para uma gestão eficaz dos riscos, pelo que temos, ao longo dos anos, integrado a sustentabilidade em todas as nossas atividades, sempre que possível, propagando-a à nossa cadeia de valor. Desde a gestão florestal responsável até ao desenvolvimento de produtos e tecnologias eficientes e inovadores, adotamos práticas sustentáveis que minimizem o impacto ambiental negativo e promovam a economia circular e o desenvolvimento sustentável. Neste sentido, alinhamos, em 2018, os objetivos da empresa com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas lançando as bases do programa “Sustentável por Natureza”, que estabelece a nossa ambição para 2030. Este programa assenta em quatro pilares fundamentais: promover a transparência e a responsabilidade; promover a caraterística ambiental do produto e do Montado; promover o desenvolvimento, a segurança e o bem-estar das pessoas; e promover a I&D+i e alavancar o desempenho económico. Atualmente, estão definidos dez grandes objetivos que orientam a atuação de toda organização, promovendo a monitorização regular das ações previstas no programa de sustentabilidade, que inclui objetivos quantitativos, indicadores de desempenho e procedimentos de controlo, que garantem, com níveis comparáveis de rigor e integridade, o relato das suas prioridades e progressos nestas matérias.

Em suma, é evidente que a sustentabilidade é mais do que uma moda. É uma mudança de paradigma que afeta diretamente a capacidade das organizações de competir globalmente, aceder aos mercados e gerir riscos. A evidência mostra claramente que as organizações que dão prioridade à sustentabilidade têm uma maior probabilidade de prosperar à medida que o panorama empresarial global muda, satisfazendo as expetativas dos clientes e demais stakeholders, cumprindo os requisitos legais e desenvolvendo modelos de negócio duradouros.

O compromisso da Corticeira Amorim para com a sustentabilidade significa investir, inovar e trabalhar para ter um impacto positivo, deixando um legado ambientalmente responsável para as gerações futuras, promovendo a cortiça como um material natural e sustentável de excelência, ao mesmo tempo que contribui para o desenvolvimento económico e social das suas comunidades e de Portugal.

Newsletter nº4

Fernando Batista
Director Executivo DO IT ON

Lançamento do livro “Dicionário Prático de Marketing e Relações-Públicas

Tal como esperado, o lançamento do livro “Dicionário Prático de Marketing e Relações-Públicas”, escrito pelo renomado autor Fernando Batista, Presidente da Digital Marketers, foi um enorme sucesso. O evento teve lugar a sede da Fundação AIP no dia 4 de julho, reunindo profissionais e entusiastas do mundo do marketing e relações-públicas numa tertúlia apelidada de Digital Drinks. O lançamento do livro promoveu uma excelente atmosfera de networking, proporcionando a todos os presentes uma excelente oportunidade e experiência no que diz respeito aos desafios que esta nova era digital implica. Consciente da importância da partilha do conhecimento, a Fundação AIP teve a preocupação de reunir no mesmo espaço interlocutores cujo contributo são fundamentais para as empresas portuguesas, nomeadamente as exportadoras. Assim, o alinhamento do programa começou com uma Recepção aos convidados, onde se falou sobre a democratização do marketing digital e relações públicas, permitindo aos profissionais da área trocarem as suas experiências, criando um ambiente propício para a aprendizagem e o crescimento mútuo.

Mas um dos momentos mais aguardados foi o lançamento da obra cujo autor, Fernando Batista demonstrou a sua profunda expertise no assunto ao partilhar insights valiosos sobre os conceitos abordados no seu livro. A sua paixão e entusiasmo eram evidentes nas palavras que partilhou, envolvendo o público na sua palestra de forma cativante.  Aquando da apresentação, Fernando Batista, Presidente da Digital Marketers, afirmou que “O Marketing Digital é uma das áreas mais democráticas do Marketing e Comunicação que as empresas têm ao seu dispor. Todo e qualquer negócio necessita de estar exposto de forma constante, impactante e relevante junto dos seus potenciais parceiros de negócio e consumidores, e as diversas técnicas e ferramentas de marketing digital são a forma mais simples e prática de o conseguir”. Mas lembrou também o autor que “tal como existe a oportunidade, também existem riscos na sua adopção, todos eles ligados ao conhecimento. É essencial e mandatório que as empresas formem e eduquem as suas equipas e seleccionem fornecedores com conhecimento técnico e estratégico que possam apoiar e suportar o trabalho de comunicação e vendas com base em actividades de marketing digital.” 

Assim, é fundamental referir que o lançamento do livro “Dicionário Prático de Marketing e Relações Públicas” de Fernando Batista na sede da Fundação AIP, no dia 4 de julho, foi um evento importante para as empresas portuguesas e para os profissionais que trabalham na área do marketing digital. A combinação de um ambiente inspirador e a interacção directa com o autor criou uma atmosfera propícia para a aprendizagem, a troca de conhecimentos e o fortalecimento da comunidade de profissionais de marketing e relações públicas.

João Dias
Presidente da AMA – Agência para a Modernização Administrativa

O Papel Vital da AMA na Digitalização da Economia Portuguesa

Numa era cada vez mais digitalizada, a transformação tecnológica tem revelado ser um fator determinante para a competitividade e o desenvolvimento das economias.

Em Portugal, a Agência para a Modernização Administrativa (AMA) desempenha um papel crucial ao promover a digitalização e a transformação da economia do país, nomeadamente ao incentivar e facilitar a adoção de tecnologias digitais pelas empresas e pela administração pública. Uma das principais iniciativas nesse sentido é o ePortugal, a plataforma digital do Estado Português, que tem desempenhado um papel fundamental na transformação dos serviços públicos e no apoio às empresas.

Através do ePortugal, as empresas têm acesso a uma ampla gama de serviços digitais que simplificam e agilizam os processos empresariais. Entre os serviços disponíveis, gostaria de destacar:

  • Empresa Online: Esta plataforma permite a criação de uma empresa através da Internet, tornando o processo mais rápido e eficiente. O regime jurídico da Empresa Online permite a constituição eletrónica de sociedades por quotas, unipessoais por quotas e anónimas, agilizando o início da atividade empresarial.
  • Marca na Hora Online: este serviço possibilita a obtenção online de uma marca previamente registada a favor do Estado, disponível numa bolsa de marcas. A aquisição pode ser efetuada de forma autónoma ou em simultâneo com a constituição da empresa, através do serviço de Empresa Online.
  • Balcão do Empreendedor: Este serviço simplifica a relação das empresas com administração pública, permitindo a realização de diversos procedimentos de forma digital. Através do Balcão do Empreendedor, as empresas podem obter certificados, licenças, alterações de registo e muito mais, sem necessidade de deslocações físicas.
  • Fatura sem Papel: Com vista a simplificar a gestão financeira dos cidadãos e das empresas, o portal de serviços públicos ePortugal disponibiliza o serviço Faturas Sem Papel. Trata-se de uma medida que procura incentivar a emissão e o armazenamento de faturas em formato digital em substituição das versões em papel. Desta forma, o serviço permite combater o uso desnecessário de papel e reduzir os custos com as impressões.

Além destes serviços, o ePortugal disponibiliza uma série de outras funcionalidades que auxiliam as empresas na sua jornada digital. Podemos destacar o acesso a informação relevante sobre legislação, apoios e financiamento, o acesso ao Registo Nacional de Pessoas Coletivas (RNPC) para consulta de informações sobre empresas e outras entidades coletivas, entre outros recursos que facilitam o ambiente de negócios em Portugal.

Esses serviços digitais contribuíram para agilizar os processos, reduzir a burocracia e melhorar a experiência das empresas. Ao disponibilizar serviços online acessíveis e eficientes, a AMA e o ePortugal têm desempenhado um papel fundamental na promoção da transformação digital do tecido empresarial português.

Gostaria de realçar que os rankings demonstram o progresso de Portugal na digitalização. Segundo o relatório DESI (Índice de Economia e Sociedade Digital) de 2022 da Comissão Europeia, Portugal tem avançado consistentemente na digitalização, ocupando a 15ª posição entre os 27 Estados-Membros da UE, uma posição acima do resultado da edição do ano anterior e que reflete os de desenvolvimento digital da sociedade e da economia nacionais. O relatório destaca o bom desempenho de Portugal na Dimensão “Serviços Públicos Digitais”, onde o nosso país encontra-se alinhado com a média da UE, posicionando-se na 14.ª posição. Releva-se, nesta dimensão, o desempenho acima da média europeia no que se refere a serviços públicos digitais direcionados aos cidadãos. Nos serviços públicos digitais para empresas, o desempenho nacional situa-se ao nível da média da UE.

Portugal também foi reconhecido com o Prémio Europeu de Administração Eletrónica de 2020 pela inovação e eficiência dos seus serviços digitais. Através de iniciativas como o Simplex, que visa simplificar e agilizar os procedimentos administrativos, e o Espaço Cidadão, que concentra diversos serviços públicos num único ponto de atendimento digital, Portugal tem demonstrado o seu compromisso em fornecer serviços públicos eficientes, acessíveis e centrados no cidadão.

Ao longo do tempo, a AMA tem desempenhado um papel essencial na digitalização da economia portuguesa, impulsionando a competitividade e promovendo a modernização dos serviços públicos.

Por meio de iniciativas como a plataforma Empresa Online e os Selos de Maturidade Digital, a AMA tem facilitado a adoção de tecnologias digitais pelas empresas e incentivado a transformação digital. Os rankings que destacam o progresso de Portugal na digitalização e o reconhecimento internacional pelos seus serviços públicos digitais eficientes confirmam o sucesso dessas iniciativas.

O setor digital tem tido um papel fundamental, com a conectividade, os dados, as competências digitais e a digitalização das empresas e da administração pública a revelarem-se essenciais para uma recuperação económica. A AMA tem esta missão e acima de tudo esta vontade: de continuar a promover a digitalização e a trabalhar em conjunto para o desenvolvimento económico e social de Portugal.

Nuno Cavaco
Partner, Moneris Innovation Lab

Transformação Digital Sustentável: uma moda ou um compromisso responsável?

A transformação digital é uma realidade cada vez mais presente em todos os setores da sociedade, afirmando-se como inquestionável fator de competitividade. Empresas, governos e indivíduos acompanham os mais recentes avanços tecnológicos e suas tendências para impulsionar a eficiência, a resiliência, a inovação e o crescimento. Não obstante, à medida que o digital acelera e ganha novas e desconhecidas dinâmicas, importa considerar, de forma muito séria, o impacto ambiental e social dessa transformação. É nesse contexto que o conceito de transformação digital sustentável assume um papel crucial e deve ser entendido e endereçado com compromisso e responsabilidade.

As recentes evidências disruptivas da Inteligência Artificial, como o caso ChatGPT, são reveladoras das potencialidades inquestionáveis desta tecnologia, mas ainda assim não são suficientes para que possamos imaginar o que o futuro nos reserva (para o bem e para o mal). Como alguém já disse: ”quando o homem descobriu o fogo, jamais imaginaria que iríamos forjar o ferro”. Pois muito provavelmente, estamos perante um momento similar da história da humanidade. Ainda assim, e futurologia à parte, é no presente que nos cabe zelar pela preservação dos temas sociais e ambientais, por forma a não hipotecarmos o futuro.

A transformação digital sustentável envolve a adoção de práticas e tecnologias que promovem o equilíbrio entre o desenvolvimento tecnológico, valias económicas, o combate às alterações climáticas e a defesa dos direitos sociais, minimizando os impactos negativos no ecossistema. É uma mudança de paradigma que nos convida a repensar a forma como utilizamos e gerimos a tecnologia em prol de um futuro mais sustentável.

Não obstante, a automatização, digitalização e integração de processos e sistemas, a adoção de soluções Cloud (na núvem), a implementação de IoT (internet das coisas), a aposta na cibersegurança, o uso da realidade virtual/aumentada, a utilização da manufatura aditiva/3D printing, o recurso à inteligência artificial e machine learning, e/ou práticas de ciência dos dados, serem opções que consubstanciam a transformação digital, é crítico que as PME, antes de investirem, conheçam cada uma destas tecnologias, quais os seus benefícios e como podem captar real valor com a sua adoção.

A implementação de soluções tecnológicas é sempre um desafio para as PME uma vez que acarreta riscos associados ao nível de maturidade e literacia tecnológica de cada empresa e à sua propensão para a mudança.  No entanto, as oportunidades e benefícios que a transformação digital representa para as PME são inegáveis, fomentando a eficiência e a competitividade, bem como abrindo novas portas à internacionalização. Potenciar as vantagens do digital e mitigar os riscos são a chave para o sucesso de uma jornada de transformação digital de qualquer PME, onde a desmistificação dos conceitos e a capacitação dos recursos, acompanhada de uma mudança de mentalidade e uma nova forma de estar e de agir, são aspetos essenciais a contemplar. Importa salientar que embora seja um desafio, as PME têm vantagens relativamente a outras organizações, uma vez que a sua dimensão e flexibilidade permite-lhes ser mais ágeis e ter decisões e respostas mais céleres.

Ainda assim, compaginar soluções digitais não é sinónimo de sustentabilidade digital. Para tal, as PME devem atender à sua transformação digital com propósito e preservar, responsavelmente, as questões sociais e ambientais.

Assumindo este princípio, e no que respeita à vertente ambiental, não importa apenas considerar a adoção de soluções tecnológicas que permitem melhorar a eficiência dos consumos de energia e água, a gestão de resíduos, a redução da pegada de carbono ou gerir melhor a biodiversidade. Importa também, dedicar atenção ao impacto ambiental que as próprias soluções tecnológicas, per si, provocam. Sendo a eficiência energética uma das principais preocupações da transformação digital sustentável, o crescente consumo de energia para alimentar data centers, servidores e dispositivos digitais, pode levar a um aumento significativo nas emissões de gases de efeito estufa. Neste sentido, é fundamental selecionar soluções que otimizem o consumo energético e promovam o uso de energias renováveis, bem como implementar hardware eficiente e uma gestão inteligente dos recursos. Adicionalmente, a gestão responsável dos resíduos eletrónicos é outro aspeto que deve ser endereçado no contexto da transformação digital sustentável. Com a rápida obsolescência dos dispositivos digitais, o descarte inadequado de equipamentos pode levar à contaminação do solo e da água por substâncias tóxicas. A adoção de práticas de reciclagem e reutilização adequadas, bem como o design de produtos mais duráveis e reparáveis, são medidas que promovem a economia circular e contribuem para uma transformação digital mais sustentável.

No que concerne à responsabilidade social, a inclusão digital é uma dimensão fundamental da transformação digital sustentável, uma vez que é o garante de que todas as pessoas têm acesso igualitário às oportunidades oferecidas pela tecnologia. Isto implica fomentar a literacia tecnológica e reduzir a exclusão digital, fornecendo infraestruturas e recursos, bem colmo a capacitação para todos, democratizando o acesso à informação e a serviços.

Perante o exposto, torna-se evidente que a transformação digital sustentável é uma oportunidade de repensar o negócio e as práticas empresariais, não só para ganhar vantagem competitiva decorrente dos benefícios diretos da tecnologia, mas também para que as empresas se possam posicionar como “green and social friendly”, numa simbiose virtuosa e alavancadora da twin transition (dupla transição – verde e digital), permitindo-lhes também obter conformidade com os critérios subjacentes ao ESG (Environment, Social and Governance), temática que cada vez mais vai ser instrumento de avaliação das empresas.

Um fator determinante do sucesso desta caminhada, é o parceiro. A equipa de consultores não pode ser apenas um grupo de “Gurus” que debita conceitos e teoriza sobre tecnologias, ficando à espera que a PME por magia tenha resultados. Deve ser uma equipa multidisciplinar com sensibilidade sobre o negócio da PME e sobre o mercado em que esta opera, assim como detentora de aptidão para se relacionar com as pessoas e gerir a mudança.

Na MIL, Moneris Innotion LAB, estamos lado a lado dos nossos clientes e parceiros atuando como digital trusted advisor, em todas as fases do processo, maximizar resultados. A nossa equipa é suportada pelo universo Moneris e seus profissionais, diferenciando-se pelas suas competências tecnológicas, aliadas a sólidos conhecimentos especializados nas temáticas económicas, financeiras, contabilísticas, fiscais e de recursos humanos.

Maria José Fernandes
Presidente do Conselho
Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos

A importância de o Ensino Superior Politécnico apostar nas competências digitais

A transformação digital é uma realidade cada vez mais presente em todos os setores da sociedade, afirmando-se como inquestionável fator de competitividade. Empresas, governos e indivíduos acompanham os mais recentes avanços tecnológicos e suas tendências para impulsionar a eficiência, a resiliência, a inovação e o crescimento. Não obstante, à medida que o digital acelera e ganha novas e desconhecidas dinâmicas, importa considerar, de forma muito séria, o impacto ambiental e social dessa transformação. É nesse contexto que o conceito de transformação digital sustentável assume um papel crucial e deve ser entendido e endereçado com compromisso e responsabilidade.

As recentes evidências disruptivas da Inteligência Artificial, como o caso ChatGPT, são reveladoras das potencialidades inquestionáveis desta tecnologia, mas ainda assim não são suficientes para que possamos imaginar o que o futuro nos reserva (para o bem e para o mal). Como alguém já disse: ”quando o homem descobriu o fogo, jamais imaginaria que iríamos forjar o ferro”. Pois muito provavelmente, estamos perante um momento similar da história da humanidade. Ainda assim, e futurologia à parte, é no presente que nos cabe zelar pela preservação dos temas sociais e ambientais, por forma a não hipotecarmos o futuro.

A transformação digital sustentável envolve a adoção de práticas e tecnologias que promovem o equilíbrio entre o desenvolvimento tecnológico, valias económicas, o combate às alterações climáticas e a defesa dos direitos sociais, minimizando os impactos negativos no ecossistema. É uma mudança de paradigma que nos convida a repensar a forma como utilizamos e gerimos a tecnologia em prol de um futuro mais sustentável.

Não obstante, a automatização, digitalização e integração de processos e sistemas, a adoção de soluções Cloud (na núvem), a implementação de IoT (internet das coisas), a aposta na cibersegurança, o uso da realidade virtual/aumentada, a utilização da manufatura aditiva/3D printing, o recurso à inteligência artificial e machine learning, e/ou práticas de ciência dos dados, serem opções que consubstanciam a transformação digital, é crítico que as PME, antes de investirem, conheçam cada uma destas tecnologias, quais os seus benefícios e como podem captar real valor com a sua adoção.

A implementação de soluções tecnológicas é sempre um desafio para as PME uma vez que acarreta riscos associados ao nível de maturidade e literacia tecnológica de cada empresa e à sua propensão para a mudança.  No entanto, as oportunidades e benefícios que a transformação digital representa para as PME são inegáveis, fomentando a eficiência e a competitividade, bem como abrindo novas portas à internacionalização. Potenciar as vantagens do digital e mitigar os riscos são a chave para o sucesso de uma jornada de transformação digital de qualquer PME, onde a desmistificação dos conceitos e a capacitação dos recursos, acompanhada de uma mudança de mentalidade e uma nova forma de estar e de agir, são aspetos essenciais a contemplar. Importa salientar que embora seja um desafio, as PME têm vantagens relativamente a outras organizações, uma vez que a sua dimensão e flexibilidade permite-lhes ser mais ágeis e ter decisões e respostas mais céleres.

Ainda assim, compaginar soluções digitais não é sinónimo de sustentabilidade digital. Para tal, as PME devem atender à sua transformação digital com propósito e preservar, responsavelmente, as questões sociais e ambientais.

Assumindo este princípio, e no que respeita à vertente ambiental, não importa apenas considerar a adoção de soluções tecnológicas que permitem melhorar a eficiência dos consumos de energia e água, a gestão de resíduos, a redução da pegada de carbono ou gerir melhor a biodiversidade. Importa também, dedicar atenção ao impacto ambiental que as próprias soluções tecnológicas, per si, provocam. Sendo a eficiência energética uma das principais preocupações da transformação digital sustentável, o crescente consumo de energia para alimentar data centers, servidores e dispositivos digitais, pode levar a um aumento significativo nas emissões de gases de efeito estufa. Neste sentido, é fundamental selecionar soluções que otimizem o consumo energético e promovam o uso de energias renováveis, bem como implementar hardware eficiente e uma gestão inteligente dos recursos. Adicionalmente, a gestão responsável dos resíduos eletrónicos é outro aspeto que deve ser endereçado no contexto da transformação digital sustentável. Com a rápida obsolescência dos dispositivos digitais, o descarte inadequado de equipamentos pode levar à contaminação do solo e da água por substâncias tóxicas. A adoção de práticas de reciclagem e reutilização adequadas, bem como o design de produtos mais duráveis e reparáveis, são medidas que promovem a economia circular e contribuem para uma transformação digital mais sustentável.

No que concerne à responsabilidade social, a inclusão digital é uma dimensão fundamental da transformação digital sustentável, uma vez que é o garante de que todas as pessoas têm acesso igualitário às oportunidades oferecidas pela tecnologia. Isto implica fomentar a literacia tecnológica e reduzir a exclusão digital, fornecendo infraestruturas e recursos, bem colmo a capacitação para todos, democratizando o acesso à informação e a serviços.

Perante o exposto, torna-se evidente que a transformação digital sustentável é uma oportunidade de repensar o negócio e as práticas empresariais, não só para ganhar vantagem competitiva decorrente dos benefícios diretos da tecnologia, mas também para que as empresas se possam posicionar como “green and social friendly”, numa simbiose virtuosa e alavancadora da twin transition (dupla transição – verde e digital), permitindo-lhes também obter conformidade com os critérios subjacentes ao ESG (Environment, Social and Governance), temática que cada vez mais vai ser instrumento de avaliação das empresas.

Um fator determinante do sucesso desta caminhada, é o parceiro. A equipa de consultores não pode ser apenas um grupo de “Gurus” que debita conceitos e teoriza sobre tecnologias, ficando à espera que a PME por magia tenha resultados. Deve ser uma equipa multidisciplinar com sensibilidade sobre o negócio da PME e sobre o mercado em que esta opera, assim como detentora de aptidão para se relacionar com as pessoas e gerir a mudança.

Na MIL, Moneris Innotion LAB, estamos lado a lado dos nossos clientes e parceiros atuando como digital trusted advisor, em todas as fases do processo, maximizar resultados. A nossa equipa é suportada pelo universo Moneris e seus profissionais, diferenciando-se pelas suas competências tecnológicas, aliadas a sólidos conhecimentos especializados nas temáticas económicas, financeiras, contabilísticas, fiscais e de recursos humanos.

Marta Moreira Dias
Conselho Diretivo do .PT

Uma Rampa de lançamento para as empresas no digital

Em março de 2021, a União Europeia (UE) apresentou metas ambiciosas para a digitalização das empresas em 2030. Se os objetivos forem cumpridos pelos europeus, dentro de sete anos, 75% das empresas do nosso continente vão utilizar a computação em nuvem, a inteligência artificial ou big data, e 90% das PME vão ter, pelo menos, um nível básico de maturidade digital.

Só lá chegaremos com esforço e muito trabalho de vários atores. E para fazermos este caminho, precisamos de perceber, antes de mais, de onde partimos.

O mais recente Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade mostra-nos que as empresas portuguesas já estavam, em 2021, muito próximas da média europeia, mas ainda longe dos objetivos definidos. Mais, em indicadores como a utilização de inteligência artificial, as nossas empresas mostravam-se bastante mais preparadas do que a média, com 17% a dizerem recorrer e esta ferramenta, muito acima dos 8% da UE. Contudo, os números também nos mostram que 48% das empresas portuguesas ainda têm um baixo nível de digitalização.

Há pontos mais e menos positivos a abordar ao longo deste caminho, que temos de fazer em conjunto. E se é importante reconhecer o esforço que o país e as suas empresas e organizações têm feito para acompanharem este processo de transformação digital, importa também sublinhar que este processo deve ser acelerado, se queremos atingir as metas estabelecidas pela UE para 2030.

Atingi-las é do interesse de todos e todas. Sabemos que empresas mais digitais, têm gestores e trabalhadores mais qualificados, são mais produtivas e proporcionam melhores condições de trabalho. Sabemos que aquelas que se digitalizam, que têm culturas de cibersegurança e se movem num padrão data driven, mais rapidamente têm enormes ganhos ao nível da competitividade – por exemplo, com as vendas online. E sabemos como a tecnologia já está (e vai continuar) a ter um papel central na recuperação económica e no desenvolvimento do país.

Não basta digitalizarmos empresas e serviços. Temos de digitalizar também utilizadores, profissionais e consumidores. Por isso é tão importante fazermos uma aposta inequívoca na capacitação das nossas pessoas, para utilizarem ferramentas digitais que facilitam o seu trabalho e o seu dia-a-dia, e que as ajudam a responder aos desafios que temos pela frente.

Esta capacitação tem sido uma das nossas principais linhas orientadoras no .PT. Estamos conscientes da necessidade e da dificuldade que pode representar, numa economia onde operam inúmeras micro e pequenas empresas e onde as respostas, formações e cursos acontecem, sobretudo nos grandes ou médios centros urbanos. Era fundamental descentralizarmos esta oferta, mostrarmos os benefícios desta capacitação, e darmos uma resposta clara, sobretudo às microempresas e empresários que querem beneficiar destas mudanças.

A Rampa Digital nasceu dessa consciência, com uma parceria de que muito nos orgulhamos, entre o .PT e a Google.org.

Este é um programa inovador que dá respostas 2 em 1: capacitando digitalmente as nossas pessoas, enquanto profissionais; e ajudando as empresas e os empresários portugueses a entrarem ou a aprofundarem a sua posição no digital. Na Rampa Digital, fazemos, de forma gratuita, diagnósticos às micro e pequenas empresas para estas identifiquem das suas necessidades, aquelas que o digital pode dar resposta.  As empresas fazem esse diagnóstico connosco e depois damos-lhes acesso a cursos para as suas equipas aprenderem a trabalhar com estas mesmas ferramentas.

Inserida num abrangente plano de ações, esta iniciativa tem um propósito claro: acelerar a recuperação económica através da tecnologia e das ferramentas digitais num processo verdadeiramente inclusivo, 100% online e gratuito, acessível a todos e todas, por todo o país. E por sabermos que a aprendizagem pode ser mais simples se for feita com pessoas e não apenas computadores, a Rampa Digital organiza também sessões de esclarecimento e de formação online e presenciais.

Desde o início deste ano, foram já 11 as sessões presenciais organizadas, em Quarteira, Almada, Braga e Viana do Castelo, entre outras vilas e cidades, sendo a prioridade chegar a locais fora das grandes metrópoles. Aqui, os participantes puderam aprender mais sobre os canais de venda nas redes sociais, em sites e lojas online, sobre como investir em publicidade, como recolher e analisar dados de páginas e compras dos utilizadores e como trabalhar a comunicação para angariar novos clientes e mercados. Tudo numa abordagem de proximidade, com sessões individuais e em pequenos grupos, garantindo a personalização da resposta e respeitando o ritmo e as necessidades de cada participante.

Acreditamos que esta é a forma de capacitar para o futuro: indo ao encontro do que cada pessoa ou empresa necessita, ajudando-a a definir e atingir os seus próprios objetivos e a compreender que consegue ir ainda mais além. É com essa mentalidade que convidamos todos a aceder à Rampa Digital: www.rampadigital.pt.

O caminho para 2030 é longo e cheio de desafios, mas também de oportunidades. Aproveitá-las é a chave para uma transformação digital onde todos triunfam.

Newsletter nº3

Isabel Ferreira
Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional

MENSAGEM DA SECRETÁRIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
DO XXIII GOVERNO CONSTITUCIONAL

A Valorização do Interior continua a ser um objetivo e uma missão prioritária deste Governo.
A nossa experiência mostrou-nos que a utilização dos fundos europeus regionais – do PORTUGAL 2020 e do PORTUGAL 2030 –, a discriminação positiva e programas de apoio específicos para os territórios do Interior, bem como o reforço da dimensão regional, através do papel das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, são determinantes para a valorização do Interior dentro das políticas de desenvolvimento regional. O Programa de Valorização do Interior (PVI) está no terreno desde 2017 e já investiu mais de 6.400 milhões de euros no Interior, criando mais de 33.600 postos de trabalho diretos,
formando mais de 5.500 pessoas, tendo mais de 4.200 pessoas optado por se deslocarem para estes territórios para constituir e/ou prosseguir a sua vida profissional e pessoal desde 2020, contribuem novas medidas de apoio direto à criação de emprego qualificado e altamente qualificado, incentivos ao empreendedorismo, à produção de base local, apoios à modernização de infraestruturas e equipamentos de instituições dedicadas à ciência, incentivos à atração de pessoas para os territórios do Interior e benefícios fiscais para as famílias e empresas destes territórios. Destas medidas resultou, em 2020, num volume de
apoios cinco vezes superior à média dos primeiros anos do PVI. A complementaridade entre estas medidas sempre foi uma absoluta prioridade. Tornou-se
possível apoiar, ao mesmo tempo, a expansão da atividade ou a compra de novas máquinas por uma empresa do Interior, a contratação de um novo trabalhador qualificado para operar essas máquinas, o apoio a esse mesmo trabalhador para se mudar para este novo emprego e o incentivo a parcerias entre empresas como esta e instituições científicas, como forma de incentivar novos projetos inovadores que pudessem gerar novos ciclos de desenvolvimento como este.
Estamos empenhados em colocar os fundos europeus regionais ao serviço da recuperação económica do país e da convergência com a União Europeia, nomeadamente em matéria de redução das assimetrias territoriais e igualdade de oportunidades entre os cidadãos, aproveitamento do potencial endógeno e diversificação da base económica dos territórios, investimento empresarial inovador e competitivo, incentivo à exportação, criação de
emprego, transformação digital, teletrabalho, e também dos desafios estratégicos europeus, que Portugal prossegue, tais como a transição digital, a transição climática e sustentabilidade
dos recursos, a mobilidade sustentável, a economia circular, e a inclusão social.
A dotação dos Programas Operacionais Regionais do continente para o período 2014-2020 é de 7.753 milhões de euros. Estamos empenhados em garantir a execução integral destes fundos até final do ano.
No PORTUGAL 2030, período de programação comunitária 2021-2027, os Programas Regionais do continente terão uma dotação financeira de 7.833 milhões de euros, dando continuidade aos instrumentos do PORTUGAL 2020 com impacto positivo nos territórios. Irá também ser assegurada a conectividade digital em todos os territórios do Interior, garantindo uma cobertura de banda larga fixa e móvel generalizada à totalidade da população, de forma a garantir não só a acessibilidade dos cidadãos, mas também uma vantagem competitiva para a atração de investimento empresarial. Através da mobilização do Objetivo Específico 1.3 do PORTUGAL 2030, pretende-se prosseguir o esforço de reorientação do perfil de especialização da economia portuguesa e a promoção do emprego, através do apoio à melhoria da competitividade das PME, nas suas diversas vertentes a mobilizar: : i) a incorporação de tecnologia e conhecimento nas cadeias
de produção e o aumento da capacidade produtiva com orientação para mercados externos; ii) investimentos de base territorial que valorizemos recursos endógenos e estimulem o empreendedorismo, designadamente jovem; iii) incorporação de fatores imateriais de competitividade para a qualificação e internacionalização de PME; iv) e infraestruturas, de base não tecnológica, de suporte à competitividade, de incubação e acolhimento empresarial
de nova geração.
Neste âmbito, já foram disponibilizados os primeiros Avisos de Inovação Produtiva para PME, um exclusivamente dedicado aos territórios de Baixa Densidade (Interior) e o outro para outros territórios, com uma dotação global de FEDER de 400 milhões de euros e uma taxa de apoio máxima de 40% a fundo perdido.
É, assim, dado um claro enfoque a operações que se proponham produzir bens e serviços transacionáveis e internacionalizáveis, no quadro de fileiras produtivas e de cadeias de valor
mais alargadas e geradoras de maior valor acrescentado, contribuindo para reforçar a orientação exportadora e a competitividade externa da economia portuguesa, com particular destaque para as empresas que apostaram nos territórios do Interior como a porta de entrada para o mundo.

Luísa Ribeiro Lopes
Chair of the Board of Directors at .PT e Coordenadora Geral do INCoDe.2030

A parte continental de Portugal tem um comprimento máximo de 561 km e de largura 218 km. Isto vem a propósito de falarmos de interior e de interioridade. O que se passa então? Nos últimos 50 anos, a realidade do interior e a sua ligação ao litoral evoluiu muito: autoestradas, infraestruturas de transportes e na ligação à Internet. A comunicação encurtou distâncias. Dados recentes da ANACOM, referem que entre janeiro e março deste ano o número de estações com base 5G aumentou 20% face aos últimos três meses de 2022, o que equivale a 1150 novas estações. Existem hoje 7000 estações 5G em 99% concelhos do país. O ensino superior e altamente qualificado evolui em quantidade e qualidade com as instituições dedicadas à investigação científica; Excelentes exemplos de empresas robustas, desenvolvidas e criadoras de valor chegam-nos a partir do interior; Será que isso significa que o nosso país não apresenta fragilidades de coesão territorial? Não! De todo, há um caminho muito longo, diria que maior que a distância que vai do interior ao litoral, para ainda percorrermos para quebrar desigualdades, fragilidades, desertificação e perda de oportunidades.

O digital é a autoestrada do futuro.

Tal como a rede viária e as autoestradas ajudaram a fazer caminho no mundo analógico, facilitando o acesso a determinados serviços públicos, facilitando a chegada dos produtos e serviços das empresas de e para o interior, criando mais possibilidades para as empresas e instituições sediadas no interior e para as pessoas, – sempre as pessoas como foco do desenvolvimento, que lá vivem e trabalham, também o digital tem potencial para encurtar distâncias. O processo de digitalização é hoje uma das maiores oportunidades que temos para impulsionar a economia do interior de Portugal e, assim, aumentar a competitividade e a sustentabilidade do país como um todo. É nos territórios mais distantes dos grandes centros que o digital faz mais a diferença, quer nas oportunidades de trabalho, quer no encurtar de distâncias para as famílias, para pessoas, para a socialização e para o acesso à informação.

O digital coloca todos os territórios em pé de igualdade.

  • torna possível trabalhar a partir de uma qualquer aldeia, vila ou cidade com boa ligação à internet para todo o mundo – na área da tecnologia, por exemplo, 88,6% dos profissionais trabalham remotamente ou num regime de trabalho híbrido e 1 em cada 5 profissionais tech já trabalha a partir de Portugal remotamente para uma empresa estrangeira;
  • permite uma empresa do interior ter acesso aos melhores e mais qualificados recursos, mesmo que esses estejam em grandes cidades do país;
  • potencia a venda de produtos e serviços para a cidade ao lado com a mesma facilidade com que se vende para o continente ao lado – as compras online aumentaram 10% na categoria “roupa e acessórios de moda”, a categoria mais popular, entre 2020 e 2022;
  • possibilita uma comunicação facilitada entre empresas, consumidores, centros de investigação e pesquisa, instituições do Estado;

Conclui-se então que empresas mais digitais serão: mais ligadas, mais competitivas, com maior capacidade inovadora, mais adaptadas ao presente e ao futuro. O Digital aumenta potencial, mas também pode aumentar a exigência. Da mesma forma que o digital potencia o Interior português, também alarga a competição entre empresas do Interior e empresas de outros territórios (exemplo: esbate diferenças entre uma empresa portuguesa e outra espanhola, de um lado e de outro da mesma fronteira). O Interior de Portugal – e o país como um todo – têm de saber colocar este esbater de fronteiras a seu favor. O país, será tão mais competitivo quanto mais se combater a infoexclusão geográfica; uma empresa será tão mais desenvolvida quanto mais qualificados forem os seus colaboradores. É urgente, para aproveitarmos estas oportunidades, capacitarmos. Apostar nas pessoas. Isso requer: irmos ao encontro das necessidades das empresas no digital; adaptarmo-nos e aproveitarmos as tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, computação avançada, realidade aumentada, realidade virtual, blockchain. Importa digitalizar e modernizar com foco na melhoria de vida das pessoas, o que se traduzirá num país mais coeso, competitivo e desenvolvido.No .PT e no INCoDe.2030, temos apostado nesta capacitação de pessoas e empresas.

Pessoas

  • Na Educação, promovendo o Pensamento Computacional (ensico.pt), a igualdade de género nas TIC (engenheirasporumdia.pt e Tecnovation Girls), a programação (ubbu) e tantos outros projetos;
  • Trabalhamos junto da comunidade adulta, com programas para aumentar as competências digitais dos trabalhadores no ativo ou reintegrar no mercado de trabalho e em áreas tecnológicas outras pessoas que desejem mudar de área, como o UPSKILL.PT, e divulgamos a formação de alto nível online e gratuita (nau.pt)
  • Ajudamos adultos a partir dos 50 anos que não utilizam a internet a dar os primeiros passos no digital. Temos iniciativas como o EUSOUDIGITAL.PT, que põe jovens a ensinar adultos e idosos a fazer coisas que para nós são tão simples, como enviar um email, criar uma conta numa rede social ou fazer uma pesquisa no Google.

Empresas

  • O .PT tem um programa com o Google.org, chamado Rampa Digital, onde fazemos de forma gratuita diagnósticos às micro e pequenas empresas, para estas perceberem quais as tecnologias e ferramentas que mais as ajudariam a melhorar o seu trabalho. As empresas fazem connosco esse diagnóstico e depois damos-lhes acesso, muitas vezes até gratuitamente, a cursos para aprenderem a trabalhar com estas ferramentas. Penso que é um bom exemplo que mostra que o digital tem soluções práticas, que estas têm vantagens claras e que as empresas podem aceder a elas a custos reduzidos.

Trabalhamos nestas duas e em muitas outras vertentes e levamos este trabalho a todo o país: Continente litoral e interior e ilhas, porque reconhecemos que, ao mesmo tempo que preparamos o país para o futuro, temos de preparar quem nele vive para se adaptar e acompanhar estas mudanças. Portugal e a economia portuguesa só serão verdadeiramente digitais se os portugueses e as empresas também o forem. Enquanto defensores do digital e das suas vantagens, mantemos portas abertas para todos aqueles que desejarem poderem aceder às soluções que oferecemos, no INCoDe.2030. Continuaremos a apoiar e a acompanhar empresas e pessoas nesta transformação, para benefício de todo o país.

 

Luís Loures
Membro, com o pelouro da Internacionalização, da Comissão Permanente do CCISP e Presidente do Politécnico de Portalegre

Um Ensino Politécnico ao serviço de um Portugal Exportador com futuro

É inegável o crescente papel do Ensino Superior Politécnico Português no apoio às empresas e aos empresários. Com um foco crescente na ligação ao tecido empresarial e às populações onde se encontram inseridas, as instituições politécnicas têm desempenhado um papel fundamental na dinamização do território nacional e na criação de inovação e de desenvolvimento, contribuindo com conhecimento e tecnologia para alavancar as empresas, não só por via da capacidade instalada, mas também como elemento capaz de atrair investimento estrangeiro e estudantes internacionais.

Tem sido assim ao longo das últimas décadas e, no Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, estamos convictos de que iremos continuar este caminho, enfrentando os desafios impostos por crescentes e aceleradas mudanças, com resultados cada vez mais consistentes e promissores. Com a aprovação e publicação da Lei n.º 16/2023, de 10 de abril, o Ensino Superior Politécnico concretiza dois objetivos antigos, determinantes para a sua afirmação e para o fortalecimento da capacidade de atração de novos talentos e investimentos. A possibilidade de lecionar doutoramentos, no estrito cumprimento das condições de exigência e qualidade previamente estabelecidas é, desde logo, um importante passo para reforçar a ligação ao tecido empresarial, permitindo o crescimento de uma formação diferenciadora. De facto, a possibilidade outorga de doutoramentos há um maior impacto nas cadeias de inovação das empresas, uma área relativamente à qual os Politécnicos estão altamente capacitados para desenvolver formações diferenciadoras e de interface em cocriação com as empresas, ao serviço do desenvolvimento e da coesão territorial. Adicionalmente, ao abrigo desta alteração à Lei de Bases do Sistema Educativo e ao regime jurídico das instituições de ensino superior, passa a ser possível adotar a designação de Universidade Politécnica em Portugal e Polytechnic University nas ações de internacionalização. O trabalho no terreno já há muito que está ao nível do que de melhor se faz lá fora, mas, por via desta nomenclatura, estaremos assim mais próximos das designações internacionais, permitindo assim mais facilmente ser identificado junto de parceiros inovadores e com capacidade para aportar mais e melhor formação e investigação ao nosso País. Os benefícios associados ao processo de democratização do ensino superior politécnico não se esgotam na dimensão acima descrita, pois permitiram ganhos em termos de competitividade, produtividade, melhores condições de vida, menos desemprego, maior satisfação, melhor bem-estar e redução de desigualdades. Desde logo pela forma como tornou mais acessível a formação superior, abrindo portas a outros públicos, como os maiores de 23 anos, atletas, estudantes com necessidades educativas especiais e estudantes de 1.ª geração. Uma formação que chega a mais portugueses, com ganhos significativos para o País, aproximando-nos dos resultados dos parceiros europeus. Os quais, tal como Portugal, vivem hoje um desafio gigantesco. Depois de três anos de uma travagem brusca no crescimento e no desenvolvimento de inúmeros projetos nacionais e internacionais, fruto de uma pandemia que assolou o mundo de 2020 a 2022, o acesso aos fundos europeus distribuídos ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) representa um instrumento único na concretização de muito do trabalho desenvolvido pelo Ensino Superior Português e, mais concretamente, pelos Politécnicos. Em Portugal, o PRR para 2021-2026, sabe-se hoje, pode mesmo chegar aos 30,5 mil milhões, graças ao possível reforço na aposta em investimentos estratégicos, designadamente em áreas como os microchips, energia e mobilidade verde. E aqui, mais uma vez, o Ensino Superior Politécnico nacional tem uma palavra importante a dizer, fruto do trabalho desenvolvido ao longo de décadas com os mais variados parceiros nacionais e internacionais. Estamos convictos, por tudo isto, que os Politécnicos portugueses tiveram, têm e continuarão a ter um papel central na alavancagem da economia nacional e, consequentemente, no crescimento do peso das exportações na balança comercial nacional, contribuindo de forma efetiva para um país mais coeso, mais justo e solidário.

Pedro Neto
Partner Corporate Finance Moneris 

A Competitividade das Empresas – O Interior do País

Uma das características do empreendedor é a resiliência, através da sua capacidade de gerir eficazmente os problemas, de superar obstáculos e de resistir a situações adversas, como as decorrentes do contexto atual. Assim, esta capacidade do Ser Humano em transformar processos e circunstâncias menos positivas em aprendizagens e oportunidades de mudança e evolução, são hoje prementes para a sustentabilidade dos negócios. O interior de Portugal, para além dos desafios que se apresentam em termos da economia, incorpora ainda outros desafios, decorrentes da sua localização. Contudo, esta localização geográfica não é na sua essência um fator negativo, mas sim fator potenciador de novas dinâmicas, como é a proximidade a mercados transfronteiriços, e o potencial de processos de internacionalização, pois a proximidade com os mercados europeus torna-se em si ágeis.

Desta forma, o desenvolvimento dos negócios no atual contexto trazem novos desafios como por exemplo:

  • Novas formas e métodos organizacionais do trabalho, com a implementação de automatismos, mobilidade, quer tecnológica quer ao nível dos recursos humanos;
  • A reformulação da estratégia, onde a diversificação de mercados, com processos de internacionalização pode ser uma das chaves de sucesso;
  • O replaneamento do negócio quer ao nível da vertente financeira (onde o apoio de especialistas poderá ser crucial), da inovação (quer nos produtos, serviços a prestar, marketing, ou outras variáveis de relevância para a empresa), e da comunicação, por forma a promover a relação com os clientes.

Se salientar a necessidade do reforço da presença online, assente em novos modelos de marketing, tais como a adoção de plataformas de vendas, que são inevitáveis, fruto do incremento expectável do consumo online;

Assim, é imperativo que as empresas reservem algum tempo para refletir sobre o negócio, analisar o comportamento e condicionalismos impostos face ao atual período, por forma a desenvolver uma estratégia e apontar as respetivas linhas de ação, planeadas no tempo. Neste contexto, os fundos comunitários, alavancados por medidas extraordinárias de suporte, criadas pela Comissão Europeia, terão um papel chave na mitigação dos graves impactos da pandemia nas economias europeias. Estes instrumentos de financiamento farão fluir meios, numa dimensão financeira de que não há memória, para a modernização e o desenvolvimento económico e social do nosso país, com o concurso em simultâneo dos fundos dos fundos do Next Generation EU e dos fundos de coesão e da agricultura do novo Quadro Financeiro Plurianual 2021-27, o Portugal 2030, instrumentos de política da Estratégia 2030. Esta Estratégia 2030, consubstancia a visão para recuperar a economia, proteger o emprego, e fazer da próxima década um período de recuperação e convergência de Portugal com a União Europeia, assegurando maior resiliência e coesão, social e territorial. As empresas, quer no âmbito do PRR, quer no âmbito do Portugal 2030 terão acesso a instrumentos de financiamento que estão centrados em duas dimensões prioritárias para a União Europeia, nomeadamente:

  • Transição digital
  • Transição verde

De acordo com as presentes dimensões prioritárias da União Europeia, e por exemplo no caso do Portugal 2030, as empresas deverão desde já operacionalizar as suas estratégias e investimentos associados, para apresentação de candidaturas aos sistemas de incentivos, onde se destacam:

  • Internacionalização
  • Inovação Produtiva
  • Qualificação empresarial
  • Investigação e desenvolvimento

As regiões do interior terão, a par dos programas nacionais, programas regionais que reforçam a possibilidade de acesso às empresas a um vasto leque de oportunidades para a promoção da sua expansão e competitividade. Esta oportunidade para o país (incluindo as regiões do interior) é, ao mesmo tempo, uma enorme responsabilidade, pois todos os seus atores (desde o governo, aos organismos gestores e aos beneficiários dos incentivos) deverão assegurar a capacidade de executar os seus projetos em pleno, de forma a assegurar os respetivos apoios e acelerar o processo de recuperação económica e social. É, por isso, de suma importância que os candidatos a estes incentivos façam desde já a identificação de oportunidades que os diversos instrumentos disponibilizam, de forma a estruturarem no curto prazo os seus planos estratégicos e de investimento alinhados com as prioridades nacionais e europeias, rumo à sua capitalização, modernização, internacionalização e transição ecológica e digital.

Newsletter nº2

Bernardo Ivo Cruz

Secretário de Estado da Internacionalização

A internacionalização é crucial para o crescimento económico português, especialmente para as PMEs. Ela proporciona acesso a mercados globais, aumenta a rentabilidade e os ganhos de escala, além de mitigar riscos por meio da diversificação. No entanto, a internacionalização apresenta desafios, como a necessidade de se adaptar constantemente a novos mercados e circunstâncias.

As exportações portuguesas têm desempenhado um papel fundamental no crescimento económico do país e no fortalecimento do PIB. No ano passado, as exportações ultrapassaram pela primeira vez os 119,996 milhões de euros, um marco significativo, por ter sido alcançada a meta de 50% do PIB em exportações antes do final da legislatura.

As empresas portuguesas passaram a investir em inovação contínua, pesquisa e desenvolvimento de produtos, desenvolvimento tecnológico, design e diversificação de mercados. Essas estratégias têm permitido a conquista de novos mercados e a promoção da qualidade dos produtos portugueses e, consequentemente, do país como um todo. Os mercados europeus e países com os quais Portugal possui acordos de livre comércio, como Canadá, Coreia do Sul e Japão, continuam a ser focos importantes, assim como os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), devido aos laços históricos e culturais.

Recentemente, foi estabelecido o Fórum das Agências de Investimento e Comércio Exterior da CPLP, o que certamente estimulará o comércio e o investimento entre os países membros da comunidade, contribuindo para o desenvolvimento económico dessas nações.

Embora os números sejam encorajadores, a ambição é consolidar e diversificar ainda mais as exportações para aumentar a sua resiliência. Isso pode ser alcançado por meio do aumento da rentabilidade e dos ganhos de escala, ampliando a base exportadora das empresas e captando novos mercados e clientes externos.

A diversificação dos mercados de exportação é fundamental para tornar as exportações portuguesas mais resilientes. Actualmente, cerca de 65% das exportações de Portugal são direccionadas para países da União Europeia, o que torna importante ampliar o leque de mercados de exportação e reduzir a dependência de um único mercado.

Para isso, é necessário que as empresas portuguesas foquem os seus esforços em identificar e entrar em novos mercados. Neste contexto particular, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), desempenha um papel importante ao sinalizar oportunidades e apoiar as empresas na identificação de novas oportunidades de negócio.

Aqui, será de relevar a preparação das PME exportadoras rumo à sustentabilidade, promovendo a adopção de critérios ESG, que será uma condição de acesso aos mercados internacionais e cadeias de valor mundiais.

Além disso, a digitalização também desempenha um papel crucial na diversificação dos mercados de exportação. As empresas devem adaptar os seus modelos de negócio internacionais ao ambiente digital, aproveitando os meios e canais digitais para alcançar novos clientes e mercados. O comércio electrónico, por exemplo, pode ser uma ferramenta poderosa para expandir as vendas no exterior.

Nesse sentido, no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), o “Programa de Promoção do Comércio Electrónico”, visa capacitar as empresas para o comércio digital e fornecer ferramentas de suporte aos processos de exportação das PME, independentemente de sua experiência internacional. Foram ainda criados vários incentivos à Internacionalização via-E-commerce com o objectivo de dinamizar as exportações online de produtos e serviços portugueses.

Em resumo, a diversificação dos mercados de exportação é crucial para mitigar riscos e fortalecer as exportações portuguesas. Isso pode ser alcançado por meio da identificação de novos mercados, do apoio do Estado na busca por oportunidades, e da adaptação dos modelos de negócio internacionais ao ambiente digital.

Gil Bires

Presidente , Agência para a Promoção de Investimento e Exportações (APIEX)

 Portugal é um parceiro importante para Moçambique

 Estamos a poucos meses da realização da 58ª Edição da Feira Internacional de Maputo FACIM 2023 que terá lugar de 28 de Agosto a 03 de Setembro de 2023, uma iniciativa organizada pelo Ministério da Indústria e Comércio através da Agência para a Promoção de Investimento e Exportações, IP.

Falamos de uma feira comercial, com carácter anual e multissectorial, que reúne num único espaço todos os sectores económicos à escala nacional e internacional. Internacionalizar a economia nacional, promover as potencialidades de produção e exportação e promover parcerias entre as empresas nacionais e as empresas estrangeiras presentes são alguns dos objetivos da FACIM que representa uma excelente oportunidade para estimular novas iniciativas de investimento público e privado e criar oportunidades de negócios para as micro, pequenas e médias empresas nacionais. A Feira Internacional de Maputo é ainda um excelente espaço para promover oportunidades de negócios nos diversos segmentos do tecido empresarial nacional e estrangeiro.

Neste contexto de oportunidade económica, Portugal é participante tradicional na FACIM o que os vários investimentos portugueses realizados em Moçambique, o que reforça a convicção de que a FACIM é um espaço de referência para fazer negócios. São estas as razões que leva Moçambique a convidar as empresas portuguesas a estarem presentes na FACIM 2023.

Dinis Martins

Tropigalia Moçambique

Tendências e oportunidades no mercado de marcas de grande consumo em Moçambique

O sector do bens de grande consumo é um dos que apresenta melhores perspectivas de crescimento em Moçambique na próxima década.

O sector dos bens de grande consumo (FMCG) representava em 2020, 10,6% do PIB (INE, 2022) na economia formal e provavelmente bem mais do que isso se projectarmos o peso do sector informal na economia e a importância que os bens de consumo têm neste sector (segundo o Banco Mundial, mais de 85%).

Em 2022, apesar de contexto global desfavorável, as despesas de consumo das famílias aumentaram mais de 2% em termos reais, acrescendo o impacto de uma inflação alta mas controlada em torno dos 10,9%.

E por isso, assistimos à intensificação da presença (ou recente chegada) no mercado de todos os grande conglomerados globais de bens de consumo com origem nos EUA, África do Sul, Portugal, Índia, EAU, China e Singapura.

Vários factores contribuem para este optimismo:

  • Os mais de 30 milhões de moçambicanos, 55% dos quais com menos de 20 anos oferecem a este sector um potencial enorme de desenvolvimento.
  • A população cresce a uma das maiores taxas de crescimento natural do mundo, acompanhada pelo acelerado crescimento do urbanismo e pelo aumento do rendimento disponível motivado pelo início das exportações em massa de gás natural.
  • E os grandes desafios logísticos ao nível da produção nacional (especialmente o transporte e a cadeia de frio) levam a que o consumo esteja baseado sobretudo em produtos importados e marcas de confiança sem produtos nacionais de substituição.

As grandes marcas globais tendem a entrar no mercado através de parceiros de distribuição nacionais. A Tropigalia – que se encontra entre os líderes do sector – tem uma rede de transporte e distribuição bem estabelecida que chega a mais de 12.000 pontos de venda em todo o território de Moçambique e presta serviços integrados que vão da gestão da importação e despacho até os serviços de merchandising e trade marketing.

Actualmente, podem encontrar-se de norte a sul do país, quer grossistas e armazenistas tradicionais como retalhistas modernos como o Shoprite ou o Spar em todas as principais cidades do país. Mas na periferias das cidades e nos pequenos centros urbanos também se encontra facilmente um alargado portfolio de marcas globais, mesmo nos mercados informais. Esta tendência de modernização do portfolio em todos os canais e formatos é comum a todo o país e é sobretudo alimentada pela facilidade com que os produtos da vizinha África do Sul entram no país.

A modernização do retalho acompanha a mudança de hábitos de consumo para um perfil mais moderno, que inclui progressivamente mais fontes de proteína (carne e ovos), mais produtos frescos, mais bebidas e snacks e mais produtos de conveniência, cosmética e lazer.

As empresas de grande consumo que já estão no mercado têm apostado cada vez mais em produtos para as classes mais baixas de rendimento em meio urbano, privilegiando formatos pequenos e preços unitários mais baixos, ao mesmo tempo que investem fortemente na comunicação social e nas redes sociais e na cooperação com os agentes do comércio informal e mercados peri-urbanos de grande dimensão. A presença permanente no top of mind do consumidor (principalmente entre os jovens), a aposta total na cobertura e no apoio permanente com o retalhista e a identificação permanente às necessidades do consumidor (e a reacção rápida às mesmas) são estratégias fundamentais em Moçambique. O mercado não assimila, no longo prazo, negócios baseados no imediatismo e na presença esporádica.

O consumidor privilegia as grandes marcas de confiança pela sua permanência e pelo comprovado value-for-money. O consumidor não tem margem para despender os seus recursos financeiros em produtos sem provas dadas. Mas é sensível às oportunidades de preço apresentadas pelas marcas de produção nacional, desde que não exista um diferencial relevante de qualidade.

Adicionalmente, o crescimento do investimento directo estrangeiro nos últimos 2 anos, a relativa estabilidade cambial e o elevado número esperado de expatriados para o desenvolvimento dos projectos de extração e energia, assim como a progressiva abertura (e enorme potencial) do sector do turismo no país, criam a expectativa de crescimento de oportunidades para bens de grande consumo de maior valor acrescentado no curto e médio prazo.

Esta década mostra um país menos vulnerável, mais atractivo ao investimento e com menor risco do que há 10 anos. E com empresas bem preparadas para entregarem modernos serviços logísticos e de distribuição a todas as grandes marcas interessadas em apostar no mercado, no longo prazo.

Newsletter nº1

Fátima Vila Maior
Directora de Relações Internacionais
Fundação AIP

A próxima edição do Portugal Exportador terá lugar a 19 de Outubro de 2023, no Centro de Congressos de Lisboa.

O Portugal Exportador, evento de referência no apoio à exportação das PMEs Portuguesas, que tem sido organizado em conjunto com a aicep Portugal Global e o novobanco, conta com um conjunto de iniciativas de qualidade elevada, com excelentes intervenientes, constituindo, sem dúvida, o maior evento desta temática realizado em Portugal.

Após 17 edições de trabalho contínuo, o Portugal Exportador continua a ajudar milhares de empresas e empresários a chegar a novos mercados e/ou a iniciar e diversificar os seus processos de exportação e internacionalização.  Promover um contacto regular é crucial e por essa razão, em 2023, o Portugal Exportador estará ainda mais focado nas empresas, mais próximo do seu negócio, reforçando o networking e criando oportunidades de mercado e empreendedorismo.

Acompanhe alguns dos momentos que fizeram parte da edição 2022, acedendo ao nosso podcast, com intervenientes de excelência, que partilham conhecimento nas mais diferentes temáticas bem como outras informações divulgadas nesta plataforma de network empresarial.

A newsletter do Portugal Exportador irá chegar ao seu email de 15 em 15 dias, com o objectivo de reforçar a divulgação de notícias, novidades, lançamentos e/ou conteúdos relevantes. Este instrumento de trabalho pretende igualmente ser um veículo de partilha de informação entre todos, em que cada um de vós tem a oportunidade de enviar informações que considerem relevantes.  Para já, marque na sua agenda 19 de Outubro como o dia que pode acelerar a sua estratégia de internacionalização!

José Gonçalves
Director, Departamento de Desenvolvimento e Marketing
novobanco

Em 2022, as exportações aumentaram 23% para um valor recorde de 78 mil milhões de euros, o dobro do registado em 2010. A capacidade exportadora das Empresas portuguesas tem desempenhado um papel central no crescimento da economia, dando a conhecer os produtos e serviços “made in Portugal” além fronteiras. Mais do que o aumento do peso das exportações no PIB, é importante que, enquanto país, consigamos aumentar o volume de exportações e o número de exportadoras, apostando na competitividade, na produtividade e na qualidade como vectores de diferenciação.

Com o objectivo de criar um fórum de discussão e dotar as Empresas com ferramentas que permitam criar valor nos diferentes mercados de exportação, o novobanco volta a organizar, em parceria com a AICEP e a Fundação AIP, o Portugal Exportador, reforçando o compromisso com as exportadoras.

Nos últimos 5 anos, fomos considerados pela Global Finance o melhor provider de trade finance em Portugal. Este reconhecimento traduz o trabalho que temos vindo a desenvolver no apoio à exportação e internacionalização, com uma oferta completa de produtos de trade finance e uma equipa especializada, que está ao lado dos Clientes, desde a identificação dos mercados até à montagem das operações. Queremos ser o parceiro na hora de exportar e importar.

Manuel Gaeiras
Director, Direcção da Rede Externa e Institucionais
aicep Portugal Global

Uma vez mais a AICEP colabora e apoia o Portugal Exportador, em parceria com a Fundação AIP e o novobanco, evento que tem demonstrado a importância da Internacionalização e das Exportações para a Economia do País.

De acordo com os dados mais recentes, em 2022, em termos nominais, e com um valor total de 119,8 mil M€, a componente das Exportações atingiu, pela primeira vez, um peso no PIB de 50,0%, uma subida de 8,4 pontos percentuais face a 2021.

Podemos assim facilmente concluir que as empresas exportadoras são as grandes vencedoras das crises, e que, inegavelmente, as exportações têm sido o grande motor da recuperação económica do País.

Para a AICEP, este evento tem uma relevância acrescida pela oportunidade única de juntar num só dia, empresas e empresários portugueses, de Norte a Sul do País, para partilharem experiências e potenciar negócios, e onde a AICEP pode contribuir com todas as suas mais-valias para as apoiar na aposta na inovação, no seu crescimento, para consolidar a sua actuação nos países onde já estão presentes e para encontrar oportunidades de negócio em novos mercados.